4/18/2011

Entrando no Mistério de Cristo

Nesta semana a Igreja entra na Semana Santa. É o ápice da Liturgia da Igreja.
Na Quinta-Feira Santa vemos o Cristo que se entrega como Pão e como prisioneiro num processo onde é marcado pela injustiça e mentira.
Na Sexta-Feira Santa vemos o Cristo que se imola até o fim. "Cristo não se valendo de Sua divindade se fez homem semelhante a nós menos no pecado. E foi obediente. Obediente até a morte e morte de Cruz.
Vemos a multidão que grita "Crucifica-o". Onde estavam aqueles que no domingo aclamavam "Hosana ao Filho de Davi"? E mais. De qual multidão você quer fazer parte em suas atitudes? A que promove o ser humano ou a que pede a sua morte? E ainda, vemos Judas entregando Jesus por 30 dinheiro. Seria mais ou menos uma diária de nossos dias. Assim fica ainda a pergunta: E você por quanto tem entregado a Jesus em suas atitudes de relacionamento com o próximo, com a natureza? Se quero ser cristão então supõe que nada vale mais do que Jesus, mas nem sempre as nossas atitudes o dizem como tal.
Dessa forma ainda não conseguimos compreender a grande mensagem de Jesus, tal como Judas, tal como os que pediram sua morte.
No Sábado Santo vemos o grande silêncio. Jesus desce à mansão dos mortos, nos diz o creio. Para também resgatar todos aqueles que o precederam.
e no Domingo a grande alegria do cristão. Cristo venceu a morte. Nós não nos fixamos na morte de Jesus como homem, mas como diz Santo Agostinho a Igreja sempre lembra esse mistério que é um paradoxo: A morte que gera a vida. O sinal de punição que se torna sinal de Vitória para sempre.

Paginas inseridas

Verefiquem nas subpaginas Sagradas Escrituras e Cristologia. Conteúdos inseridos. E agora vai continuar.

4/15/2011

CRISTO NOSSA PÁSCOA



1. Cantai cristãos afinal / salve ó vítima pascal / cordeiro inocente, o Cristo / abriu-nos do Pai o aprisco
2. Por toda ovelha imolada / o mundo lava o pecado / duelam forte e mais forte / é a vida que vence a morte
3. O Rei da vida cativo / foi morto mas reina vivo / responde pois, ó Maria / no caminho o que havia?
4. Vi Cristo ressuscitado / o túmulo abandonado / os anjos da cor do sol / dobrado ao chão o lençol
5. O Cristo que leva aos céus / caminha à frente dos seus / ressuscitou de verdade / ó Cristo Rei, piedade!

Esse é um canto gregoriano cujo nome em latim é "Victime Pascale". É o nosso canto para nos lembrarmos da páscoa. Vemos como a Páscoa nos traz um paradoxo: A morte que gera a Vida. Ele é a sequencia cantada na celebração do domingo de Páscoa.
Enquanto que para muitos a Páscoa não passa de um coelhinho ridiculo que traz ovos de chocolate, presentes e simples troca de felicitações, Cristo traz para nós a Vida, a esperança da ressurreição, nos traz a noticia de que a morte e o pecado foram vencidas, fomos enfim libertos da escravidão do pecado.
Estamos prestes para entrar nos momentos mais fortes da nossa liturgia, que é o Triduo Pascal (Quinta feira Santa, Sexta feira Santa, Sábado Santo) e o grande domingo, o Domingo de Páscoa. Que é o domingo de todos os domingos.
Vivenciar cristamente a Páscoa e nos alegrarmos não por um ovo de chocolate, mesmo que isso seja muito gostoso, mas alegrar sim pois é a nossa libertação da morte e do pecado.
CRISTO VENCEU A MORTE!!
Ele nos deu gratuitamente essa graça. Alegremo-nos cristãos afinal!

4/12/2011

ORAÇÃO CONTEMPLATIVA E AÇÃO


Talvez em nossos dias um dos temas muito falado seja contemplação. O motivo é que esta capacidade está em nós como que uma capacidade inata. Porém, o meio e ambiente para tal atividade é muito difícil para muitos e até mesmo impossível.
Como fazer uma oração contemplativa em tempos tão conturbados como o nosso? Mas afinal, o que é oração contemplativa?
Para muitos isso é uma atividade para monges que vivem enclausurados, uns poucos priveligiados. Mas se lermos os Padres da Igreja, veremos que eles não pensam de forma tão exclusivista. Podemos em meio de nossas ativadades reservar um tempinho para  nossa oração contemplativa.
Um bom exemplo de oração contemplativa é daquele camponês que se conta na vida de Santo Cura d'Ars. "eu olho para ele, e Ele olha para mim". Retire 10 minutos de suas 24 horas para contemplar o Mestre. Retire 10 minutos de suas 24 horas para contemplar o teu Senhor.
Faça essa experiência e verá em pouco tempo mudanças consideraveis em sua vida espiritual, profissional e no relacionamento com quem entra em contato todos os dias. Isso é um fato comprovado pela experiência.

4/07/2011

LECTIO DIVINA (Leitura Orante) V

PRÁTICA


Aqui dispensa maiores comentários. É a prática de tudo o que foi tomado como propósito na Lectio. Nesse ponto colocamos outra parte da Lectio que os Padres chamam de “ruminatio”.  A ruminatio, que significa ruminar, é fazer como os animais ruminantes, que depois de comer o capim rumina para digiri-lo melhor. Como que um lembrete a ruminatio voltamos ao texto para dele novamente beber e experencia-lo, perceber detalhes que talvez ainda não foi percebido.

LECTIO DIVINA (Leitura Orante)lV

CONTEMPLAÇÃO


A contemplação é como que planar sobre as palavras que surgiram na meditação. Não falamos nada, simplesmente deixamos que o Espírito Santo realizar tudo o que essas palavras trazem para nós. É normal que nessa etapa vemos como luzes em nossa mente, sentimentos de tristeza, alegria.
Deixemos que o Espírito Santo aja, sem que interfiramos. Esse processo é como uma escavação arqueológica, onde muita coisa do nosso passado pode vir a tona, por isso devemos encarar a Lectio como um processo de libertação de nossas feridas, de nossas doenças espirituais.

LECTIO DIVINA (Leitura Orante) lll

                          ORAÇÃO





Vendo que o texto nos aponta a direção, vamos agora pedir o auxilio para que realmente pratiquemos a Palavra da Lectio. Assim, as palavras e frases que surgiram na meditação são agora os pontos de partida da oração.
A oração é direcionada. Para que não sejamos meramente ouvintes da Palavra, mas testemunhas vivas da mesma. Não se trata de "fazer algo" mas acontece um movimento espontâneo do coração em resposta ao Espírito que conduz. Na oração , o coração assume o controle, sente saudades e clama por Deus.

Lectio Divina (Leitura Orante) ll

                                                              MEDITAÇÃO

          

               
No primeiro momento relacionamos o texto com atos mais práticos. Agora vamos relacionar nossa vida com o texto. O interessante aqui é que não somos nós que escolhemos como vamos colocar em prática, mas é o próprio texto que vai nos apontar isso. Eis uma comparação. Um espelho reflete aquilo que está a sua frente. Não é o espelho que escolhe o que ele vai refletir.
Nós somos esse espelho, a imagem refletida pelo espelho é o texto. A meditação nada mais é que fazer com que o texto reflita em nós na nossa vida prática. É um desafio para nós, principalmente dada a nossa mentalidade ocidental. Mas com o auxílio do Espírito Santo é possível. Por isso é interessante na leitura relacionar o texto com nossa vida, pois veremos que o texto é algo praticável, palpável.
Surge nesse processo palavras e frases. Palavras como oração, amor, pratica. Frases como “Jesus é Salvador”, “A caridade é essencial”. Com o passar do tempo, essas frases tende a se resumir numa só palavra, as palavras que eram muitas, se resumem em apenas uma ou duas no máximo três.
Mas isso não é preciso se preocupar, é um processo natural. Simplesmente deixe a Lectio agir, dando liberdade para o Espírito.
                                                                

3/31/2011

LECTIO DIVINA (LEITURA ORANTE)

A lectio divina, comumente traduzida por leitura orante, é a lição, no sentido de ensinamento experiencial, que o Senhor nos dá pela Palavra. Por que digo que comumente é traduzida por?
O termo lectio divina é muito mais profundo que simplesmente leitura, pois é também lição. É muito mais que lição, pois é também experiência. É mais do que simplesmente experiência, é oração, contemplação e por fim, prática em gestos concretos no hoje.
A lectio é uma prática espiritual muito comum nos mosteiros e é praticada desde o período patrístico. Atualmente há um incentivo para que todos os fiéis pratiquem a lectio todos os dias, para que tenha uma maior fecundidade em sua vida espiritual.
A Lectio constitui-se de alguns passos que são: leitura, meditação, oração, contemplação, prática.
Vejamos o primeiro.




LEITURA

Aqui é o primeiro contato com o texto, podemos ler a leitura do dia na Liturgia Diária ou um texto na Sagrada Escritura previamente escolhido.
Em um lugar calmo, tomemos o livro em nossas mãos, sentimos a textura, o peso. Isso pode parecer uma banalidade, mas é o primeiro passo para nossa mente se situar no que está acontecendo. Lemos o trecho escolhido. Relemos. Marcam-se as frases ou trechos que prende sua atenção. Sublinhe os verbos dessa frase ou trecho. Relacione com fatos concretos de sua vida particular, com outras passagens da Bíblia que porventura lembrar, relacione também com documentos da Igreja, obras espirituais dos santos.
Assim a leitura passa ter uma conotação concreta, não é algo simplesmente vago. Não se detenha se você não se lembra de nenhuma passagem bíblica, de nenhum documento, de nenhuma obra espiritual, esses são elementos que não interferem na qualidade da sua Lectio, mas relacione com sua vida prática. Fatos que aconteceram ultimamente. Com isso grande parte da Lectio já chegou no objetivo.
segue nos proximos posts


3/30/2011

A ORAÇÃO DE JESUS




Uma das orações mais interessantes do oriente é sem dúvida a oração de Jesus, que se exprime pelas palavras: “Senhor Jesus Cristo, tende piedade de mim”. Em sua forma original é: “Kyrie eleison”. Ela é a junção da prece do publicano no templo, com o clamor do cego de Jericó.
O interessante dessa oração, além de sua simplicidade é a sua força. Com ela podemos desenvolver nossa capacidade de se concentrar na meditação. Não que seja uma fórmula mágica, mas que através dela podemos nos exercitar em fixar a atenção num ponto do momento.
Ao fazermos a invocação do nome de Jesus, dizemos a oração no sentido da presença da pessoa de Jesus. Substituindo todos os pensamentos, sentimentos e imagens da imaginação, tudo com calma, suavemente e sem pressa. E como diz no livrinho Relatos de um Peregrino Russo, conseguimos penetrar nas profundezas do nosso coração. Isso é um fato comprovado pela experiência, diz o mesmo livro.
Aproveitemos, portanto esse exercício, com ele podemos melhorar e muito outros exercícios espirituais, como a oração do terço, pois o principio de fixar a mente no momento presente é o mesmo, como se adquire o hábito pela prática de exercício, encarar a oração de Jesus como um exercício é muito proveitoso, pois devido sua fórmula breve e simples conseguimos exercitar de maneira muito proveitosa.
Para finalizar a oração de Jesus não é um mero exercício, mas um itinerário espiritual, um itinerário essencialmente contemplativo, que mesmo num mundo onde a ação é exigida continuamente é possível vivenciar. Se você quem quer que seja se sente chamado a esse itinerário, abrace confiante na misericórdia de Deus.

3/22/2011

MEDITAR COMO JESUS

(baseado no livro Escritos sobre o Hesicasmo de Jean-Yves Lelup)

Chegamos aqui no ápice da meditação. Vimos que meditar é ter a postura da montanha. Meditar é ter a atitude do girassol de sempre estar voltado para o Senhor. Meditar é ter a firmeza do oceano. Meditar é ter a humildade de invocar o Senhor assim como os pássaros arrulham. Meditar é confiar na misericórdia de Deus, não somente para si, mas para toda humanidade.
Meditar como Jesus é meditar conforme todas as formas que vimos nos posts anteriores. É praticar a pureza do coração, a puritas cordis. Termo tão caro para os Padres da Igreja, e que podemos sempre lembrar apartir de uma música do Pe. Zezinho  cujo refrão diz: “ Amar como Jesus amou, pensar como Jesus pensou, viver como Jesus viveu...” Nesse refrão diz que no final do dia sei que dormiria mais feliz. Porque não lembrar também que nosso dia é nossa própria existência e de que o final desse dia é a realidade inexorável da nossa morte corporal?
Meditar como Jesus é a aceitação da vontade de Deus para nossa vida. Não um conformismo, pois isso é um fazer simplesmente por fazer. Como o sujeito da parábola dos talentos que enterrou o talento e o devolveu tal como recebeu. Mas a aceitação da vontade de Deus em nossa vida, é receber os dez talentos e fazer render outros dez. Meditar como Jesus é mergulhar no grande mistério da redenção. É tornar-se outro Cristo como diria São Paulo que não sou eu quem vivo, mas é Cristo que vive em mim.

MEDITAR COMO ABRAÃO

(baseado no livro Escritos sobre o Hesicasmo de Jean-Yves Lelup)
 Meditar é uma postura. Meditar é atitude. Meditar é perseverar. Meditar é estar no Senhor. Com isso notamos que a meditação tem certa tonalidade terapêutica, pois em nossos tempos a grande maioria sequer tem noção de si como ser.
Meditar como a montanha, o girassol, o oceano e o pássaro é perceber os níveis do macrocosmo. Os seres brutos: pedra, terra, rocha da montanha. Os vegetais no girassol. A água no oceano com tudo o que ele contém. Os pássaros como seres vivos. Mas não é tudo. O homem é o ser vivo criado à imagem e semelhança de Deus. E com ele fez uma aliança. Por isso medite como Abraão.
Meditar como Abraão é interceder pela humanidade, sem esquecer que ela é falha e pecadora e, no entanto não desesperar da misericórdia de Deus. Em Heb 4, 16 nos diz: “Aproximemos então, seguros e confiantes, do trono da graça para conseguirmos misericórdia.” Vendo no grego este seguro e confiantes está meta parresia que é com uma confiança que supera o meramente humano.
Essa meditação nos liberta de todo julgamento de si e dos outros, da autocondenação e da condenação dos outros. Mesmo diante de atos mais tristes. Liberta o “eu” de tudo aquilo que o prende a conceitos que por mais que parecem ótimos ma no fundo nos impede de vivenciar a liberdade de filhos de Deus.

MEDITAR COMO UM PÁSSARO

(baseado no livro Escritos sobre o Hesicasmo de Jean-Yves Lelup)
Estar numa boa postura. Estar numa atitude. Estar na escuta. É o que foi dito até aqui. Se esse é o primeiro post que você está lendo, leia também: Meditar como uma montanha, Meditar como Girassol, Meditar como Oceano. Agora veremos que essa meditação também vai exigir de nós meditarmos como um pássaro.
Meditar como pássaro é deixar subir em você o perfume do seu ser. Meditar é deixar que seu coração gema, como fazem as pombas. Uma formula muito antiga para os monges é a invocação do Nome de Jesus. Essa oração se expressa pelas palavras: “Senhor Jesus Cristo, tende piedade de mim.” Pode, contudo utilizar a formula grega dessa invocação: “Kyrie, eleison”. Kyrie eleison pode significar também: “Senhor, Tende piedade de nós”, “Senhor, envia-nos teu Espírito”, enfim, muitos outros sentidos.
Por isso deixe seu coração elevar essa invocação. Harmonize a invocação com a respiração. Não pense onde vai chegar. Não crie expectativa. Simplesmente faça como os pássaros. Medite com essa invocação. Procure substituir todo tipo de pensamento e sentimentos por essa invocação em sua meditação. Não se preocupe com a tradução da invocação, o Espírito Santo a trará ao seu coração.

MEDITAR COMO O OCEANO

(baseado no livro Escritos sobre o Hesicasmo de Jean-Yves Lelup)
A meditação não deve ser somente uma postura, também não deve ser limitada a uma atitude. Deve ir além. Deve ser consciente. A respiração é um excelente auxílio nesse processo. Eu inspiro. Eu expiro. Na meditação devo respirar com calma e profundamente para que aprenda a ser o fluxo e o refluxo do sopro. Meus pensamentos vêm. E esses mesmos pensamentos vão. Assim como as ondas fazem espuma na superfície e atem movimenta a areia na praia, o fundo do mar permanece imóvel.
O oceano ensina que as ondas da vida podem mover nossos pés, mas deitamos raízes no fundo do nosso mar da existência. O nosso mar pode estar agitado certo dia, mas o fundo permanece imóvel. O nosso sopro sempre continua.
A respiração nos lembra o Ruah, o Espírito. Permanecer na escuta de Deus implica que está atento. Deus pode nos falar no agora e nem percebermos que Ele está ali nos falando. O Espírito sempre nos fala quando estamos dispostos não somente ouvir, mas guardar e cumprir o que foi dito. Para os mestres da meditação, Deus nos fala no nosso sopro. Por isso, medite como oceano.

3/18/2011

MEDITAR COMO UM GIRASSOL

(baseado no livro Escritos sobre o Hesicasmo de Jean-Yves Lelup)


A meditação é uma postura. Isso se aprende quando se medita como uma montanha. Mas não devemos ficar somente ai. É preciso que essa postura gere uma dinâmica no relacionamento com os outros. Por isso o próximo passo é meditar como uma papoula.
Para se meditar bem é preciso estar sentado. Com a coluna ereta, como as plantas. Meditar como o girassol é tomar atitude. Ter disciplina. Quando medito, não é somente eu que medito. Toda a minha comunidade deve estar em mim meditando. Ou seja, todo benefício que a meditação pode trazer, não deve se restringir a mim. Mas passar isso para todo o Universo. Para a minha comunidade. Para minha família. E de que forma? Através de um testemunho de vida, da mesma forma que um girassol testemunha que ele soube esperar para demonstrar sua floração. O nosso testemunho deve ser aquele no qual nossa presença demonstre de que Deus está sempre pronto para a humanidade, ainda que a humanidade nem sempre esteja pronta para Deus. As flores não florescem apenas para demonstrar a sua beleza, mas a da sua espécie. Para que o jardim onde ela está seja mais bonito.
Assim como o girassol busca estar voltado para o sol, nós também devemos estar voltados para nosso Deus. Na espiritualidade cristã, Jesus tem também a figura de Sol. O Sol da Justiça. O Sol que veio para iluminar onde havia trevas. Nossas trevas, nossos medos enfim toda nossa vida deve estar iluminada por este Sol.
Meditar como girassol é ganhar a noção de que tudo passa. “Tudo o que é carne não passa de um ramo verde! Toda sua beleza não é mais que uma florzinha do pasto” (Is 40, 6). Ter a noção da fugacidade da vida é ter a atitude de sempre nos abandonar nas mãos do Senhor

3/15/2011

ENTRANDO NO CORAÇÃO (parte III)

MEDITAÇÃO

MEDITAR COMO UMA MONTANHA
(baseado no livro Escrito sobre o Hesicasmo de Jean-Yves Lelup)
O primeiro conselho para quem se dispõe a meditar não é espiritual. Mas humano e prático. Ele é: “sente-se”.
Em nosso dia a dia somos como que tomados por uma torrente de ocupações tanto práticas (tarefas manuais) quanto mentais (preocupações, decisões e etc). Com tudo isso somos arrastados para longe de nós mesmos a ponto de não nos percebermos como ser. 
É necessário, portanto, que retomemos essa consciência. De que somos. Os mestres do hesicasmo (mestres espirituais que tem como método a Invocação do nome de Jesus) recomendam: “Medite como uma montanha”. Simplesmente sente-se. Feche os olhos, imagine uma montanha diante de si e é tudo. Não queira chegar lugar algum. Já chegou. Não tenha objetivos egoísticos na meditação. Não gere expectativas. Simplesmente medite. Essa meditação é simplesmente ser. No livro de Lelup relata que passado um tempo, o discípulo passou a perceber-se, passou a notar que o tempo está a sua volta como meio, não como um fim em si mesmo.
Tenha diante de si mesmo o Tabor. Deixe que Cristo transfigure-se diante de você. Verá com isso toda a sua realidade escondida de você mesmo. Não imagine que essa realidade sua seja simplesmente “pecados horrendos” que você esconde de si mesmo. Mas a grande realidade de que és filho de Deus, feito a imagem e semelhança de Deus. De que Jesus ao assumir a natureza humana, torna-se consubstancial (da mesma substância) a você.Tenha diante de si a eternidade. Tenha diante de si mesmo o Carmelo, onde Deus se manifesta prodigiosamente. Tenha diante de si mesmo o Sinai, onde Deus comunica sua Lei. Não é por nada que São João da Cruz descreve a busca da perfeição como a subida de um monte, uma montanha.
Por isso sente-se de maneira confortável. Feche seus olhos. Perceba com sua audição o que está acontecendo na rua por uns 5 segundos. Sintam como está o ambiente onde você está, quente? Frio? Agradável?  Sinta o seu corpo, a cabeça, o tórax, os braços, as pernas. Percebam como os pensamentos estão em sua mente. Se estiverem muitos agitados, simplesmente não tente sufocá-los, imagine a montanha, com chuvas, ventanias e ela está ali. Os pensamentos são como chuvas e ventos, por isso não dê atenção eles vão acalmar. Se parecer impossível diga com a mente e o coração enquanto inspira: “Senhor Jesus Cristo”, pare por um momento e expire e diga com a mente e o coração enquanto expira: “Tende piedade de mim”.  Diga docemente, lentamente, com consciência da presença de Jesus.
Não desista se nos primeiros dias isso te parecer uma total perda de tempo. Assim como alguém que plantou uma semente aguarda até que a planta nasça, cresça para daí colher os frutos aguarde. Faça como uma montanha, simplesmente seja.

ENTRAR NO CORAÇÃO (Parte ll)



                                                                ORAÇÃO
Quando se fala de oração requer muito mais um conhecimento místico do que intelectual, escolástico. Caso contrário somos levados a medir Deus com uma medida humana.  Muitos pensam que nossas boas obras geram a oração verdadeira, ou seja, se eu fizer tudo certinho ai sim terá uma vida de oração. É coisa triste esse pensamento. É a oração que fará com que gere as virtudes, e por conseqüência farei tudo da melhor forma que for possível, esse pensamento é o da Bíblia veja em 1Tim 2,1 onde se pede que antes de tudo orar.
No livrinho Relatos de um Peregrino russo afirma que de todas as obras que são pedidas ao cristão a oração é a que deve preceder todas, pois sem ela jamais conseguiremos dar um passo na vida espiritual. Segue de maneira bastante pratica e simples os ensinamentos dos Santos Padres (escritores dos primeiros 5 séculos da Igreja).
A grande dificuldade, entretanto é a concentração na oração.  A primeira coisa a ser feita é totalmente contrária do que a maioria pensa. Não lute contra os pensamentos na oração e na meditação. Fazer isso é famoso dito popular “dar murros em ponta de faca”.
O que fazer então com a enxurrada de pensamentos que insistem em nos arrastar para longe do que estamos fazendo? Comece apenas observando os pensamentos calmamente. Sobre o que estou pensando? Que sentimentos este pensamento me desperta? O que ele pode me acrescentar? Você começará a perceber que eles despertam sempre os mesmos sentimentos. Talvez seja ali o ponto que você deve dar atenção para si. Com essa observação nos pensamentos notará que a força deles dura apenas alguns poucos segundos, mas se quiser refutá-los duram horas.
Santo Inácio de Loyola tem um método bastante interessante. Que é rezar com respiração. Isso fixa a atenção ao que está fazendo. Em seus Exercícios Espirituais ele chama de orar por compasso. São quatro orações que ele prescreve: Pai Nosso, Ave Maria, Alma de Cristo e a Salve Rainha. No entanto, nada impede de fazer com uma oração que goste.
Como é feito: Sente da maneira mais confortável possível. Quando inspiro: Pai nosso. Quando expiro: que estais. Assim continue até o fim. Utilize duas palavras na inspiração e duas na expiração. Feitas bem lentamente com o diafragma. O assunto seguirá em outros artigos.

VIDA ESPIRITUAL



Quando se fala espiritualidade no cristianismo geralmente se relaciona com um conjunto de regras morais do tipo “isso pode, tal coisa não”, e na melhor das hipóteses relaciona com um bocado de devoções a Santos e coisas do gênero. Alguns pensam que é um emaranhado de coisas difíceis de praticar e até lêem São João da Cruz, Teresa de Ávila, mas não traz isso para a sua vida, o que é uma pena.
A proposta desse blog é justamente mostrar que vida espiritual é para todos, que mesmo no século da informação, de tanta tecnologia e mesmo assim de tantas calamidades a vida espiritual não perdeu seu sentido.
“Vou, pois, levantar-me e percorrer a cidade, pelas ruas e pelas praças, procurando o amado de minha alma.” Cant 3,2

ORAÇÃO I

Definição segundo São João Clímaco

"Quando rezar, não procure se expressar em palavras extravagantes pois, quase sempre, são as frases simples e repetitivas de uma criancinha que nosso Pai do céu acha mais irresistíveis. Não se esforce em muito falar, para que a busca de palavras não lhe distraia a mente da oração. Uma única frase nos lábios do coletor de impostos foi suficiente para lhe alcançar a misericórdia divina; um pedido humilde feito com fé foi suficiente para salvar o bom ladrão. A tagarelice na oração sujeita a mente à fantasia e à dissipação; por sua natureza, as palavras simples tendem a concentrar a atenção. Quando encontrar satisfação ou contrição em determinada palavra de sua oração, pare nesse ponto".

3/14/2011

CONVERSÃO

Nada mais oportuno do que falar sobre conversão nesse tempo de Quaresma.
Quando falamos de conversão é preciso antes dizer sobre o pecado, ao menos em sua definição. O pecado em grego é amartia que tem o sentido de errar o alvo. Podemos dizer que de certo modo que quando pecamos estamos buscando alguma satisfação para nossa vida. Acontece que de uma maneira desastrosa, pois nessa busca acabamos por errar o alvo e trazer uma satisfação meramente aparente.
Conversão é então mudar de direção, buscar realizar da maneira certa. Entretanto, essa mudança não é apenas uma mudança de comportamento e atitudes. É na verdade uma mudança em toda a dimensão do ser humano conforme 1Tes 5, 23 “corpo, alma e espírito”. Uma mudança no próprio “eu”. Assim, temos um encontro com o nosso verdadeiro “eu”, o “eu” criado a imagem e semelhança de Deus. Reintegra-se dessa forma a harmonia cósmica estabelecida na Criação conforme o relato de Genesis. O termo utilizado para conversão nesse sentido é conversão do coração.
A conversão do coração nos faz voltar à casa do Pai, nosso verdadeiro lar, casa que o pecado nos exilou (conf. Catecismo da Igreja 2795).
A prática do jejum, da oração e da esmola (caridade) devem ser sinais concretos dessa conversão, devem partir do nosso coração e não ser apenas uma observância formal de uma recomendação.
Portanto, a conversão não é somente um dia, já que é uma mudança em nível profundo. Em cada instante que o pecado nos tenta levar para longe da casa do Pai, a conversão deve acontecer renunciando ao pecado e fazendo a opção por permanecermos sempre em Deus. Deixando o nosso verdadeiro eu, resplandecer a face de Cristo em nosso testemunho de vida.

ENTRAR NO CORAÇÃO


Entrar no coração nada mais é do que estar consciente do que realmente está fazendo agora. Isso que pode parecer tão óbvio é um desafio para nós. Pois constantemente somos solicitados para nos distrairmos com alguma coisa, uma informação, uma música, etc. Tudo isso tem seu valor, mas pode também fazer com que não se tenha consciência de si.
No Zen, se diria Mente Atenta, que é estar com a mente de volta ao nosso coração. 
Tudo se passa no agora, no momento presente, mas muito das vezes não estamos no agora. Estamos remoendo sofrimentos passados, coisas que podem ainda acontecer. Vivendo uma coisa que não somos, enfim, deixamos nossa alma com as portas escancaradas e saímos por aí, vagueando, enquanto nossa casa está descuidada.
Ser no agora,
Estar aqui
Estar consciente de que Deus está em mim
Sou santuário,
Sou filho de Deus.
O que aconteceu ontem, está no mar da Misericórdia
O que virá amanha, está na Providencia do Pai!
Penso que embora com pensamentos e visões muito diferentes em sua finalidade, o cristianismo e o zen tem alguns pontos comuns e que vale a pena ser visto. Veja nos artigos seguintes a continuidade do Entrar no coração.

VIDA ESPIRITUAL

Quando se fala espiritualidade no cristianismo geralmente se relaciona com um conjunto de regras morais do tipo “isso pode, tal coisa não”, e na melhor das hipóteses relaciona com um bocado de devoções a Santos e coisas do gênero. Alguns pensam que é um emaranhado de coisas difíceis de praticar e até lêem São João da Cruz, Teresa de Ávila, mas não traz isso para a sua vida, o que é uma pena.
A proposta desse blog é justamente mostrar que vida espiritual é para todos, que mesmo no século da informação, de tanta tecnologia e mesmo assim de tantas calamidades a vida espiritual não perdeu seu sentido.
“Vou, pois, levantar-me e percorrer a cidade, pelas ruas e pelas praças, procurando o amado de minha alma.” Cant 3,2